Advogados devem programar?

Você sabe programar? Não? Estão, sinto dizer, mas você está ficando para trás na maratona tecnológica atual. Aprender a programar, pelo visto, é hoje a nova corrida do ouro e não importa a sua ocupação: se você é advogado, médico, engenheiro, manobrista, atendente de telemarketing. Robôs irão tomar o seu emprego e em menos de 2 décadas nenhumas profissão sobreviverá. (#ironia)

Ao menos isso é o que vem sendo divulgado. Mas será?

 

Robôs substituirão advogados? ¶

Mas afinal, o trabalho do advogado corre o risco de ser substituído por soluções tecnológicas? Claro! Mas não se preocupe, o futuro do causídico não é tão sombrio quanto fazem parecer.

Gradativamente surgem soluções tecnológicas que tornam a vida do advogado mais fácil: sistemas para advocacia de massa, inteligência artificial para análise de dados no processo (jurimetria), plataformas de conexão entre advogados e clientes (conhece o HubJur? #jabá), tecnologias que montam em poucos minutos documentos jurídicos perfeitos e mesmo os famosos "robôs advogados" que tocam o trabalho equivalente a 3 mil advogados.

Diante desse cenário apocalíptico, muitos advogados correm para aprender essa magia que se chama programação. Cursos intensivos de lógica (básica?) ensinam os profissionais do Direito como devem "codar" e assim ficar em dia com a revolução tecnológica que as legaltechs trazem.

Pois bem, sinto informar, mas 99% dos advogados que começam a "programar" não serão programadores. 

Não me entenda mal: acredito que é importante que todos (advogados ou não) desenvolvam o raciocício lógico e a sistemática que a programação pode trazer, sendo que o tipo de abordagem racional que o desenvolvimento de softwares traz é benéfico até mesmo para estruturar o pensamento na hora de redigir um documento, melhorando a qualidade do trabalho advocatício como um todo.

O que a tecnologia traz ao advogado é a possibilidade de, com o uso de bons software e com uma firme base de pensamento lógico (não necessariamente de código), fazer o seu trabalho em qualidade superior, em menor tempo e custo mais acessível. É alcançar, finalmente, a impossível tríade do bom, bonito e barato.

Não devo aprender a "codar" então? ¶

Portanto, advogado, não se sinta pressionado a aprender a "codar". Concentre-se, contudo, em acompanhar as novas soluções tecnológicas que facilitem o seu trabalho e mantenha a cabeça aberta para inovações.

Apoie aqueles que criam softwares que podem facilitar a sua rotina e melhorar a sua produtividade. Experimente. Não se apoie na falsa segurança de reserva de mercado para restringir soluções mais eficientes, ainda que em um primeiro momento pareçam que estejam lhe "roubando clientes".  Lute e condene tais restrições.

Vejam alguns exemplos recentes:

https://economia.estadao.com.br/blogs/coluna-do-broad/oab-vai-propor-que-congresso-criminalize-acao-de-lawtechs-do-setor-aereo/

https://www.conjur.com.br/2019-dez-10/oab-investiga-startups-direcionam-clientes

A tecnologia veio para ficar e é questão de tempo até que todos as usem. Seja um "early adopter" ao invés de um crítico acanhado, e você estará à frente da concorrência.

Então não é possível ser um advogado programador? ¶

Claro que sim! A crítica feita aqui é apenas uma reflexão a essa imagem existente hoje de que quem não souber "codar" está condenado a ficar para trás nesta corrida do ouro moderno. É possível acompanhar a evolução tecnológica sem codar, mas experimentando e apoiando novas soluções sem medo de perder espaço no mercado.

Este blog, por sinal, visa especificamente passar um viés único: não somente advogado, tampouco programador, mas os dois. 

Se você é advogado e tem interesse em tecnologia, acompanhe os próximos posts de mente e coração abertos, pois trarei aqui algumas ideias e reflexões de como usar a tecnologia para mudar a sua rotina.

/* Fim do post, até a próxima */